A deputada estadual Cida Ramos (PSB) participou, neste domingo (1º), do ato ‘SOS Transposição: Grito do Nordeste’, na cidade de Monteiro, no Cariri paraibano. A mobilização, contra a paralisação das obras da Transposição do Rio São Francisco, foi convocada pelo presidente da Fundação João Mangabeira e ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho e contou com a participação de várias lideranças nacionais, como o ex-candidato a presidente da República, Fernando Haddad, e a presidente nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffman, além de governadores, prefeitos, deputados, senadores, artistas e representantes de movimentos sociais.
Há mais de cinco meses, o canal do Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco, em Monteiro, deixou de receber água, por falha na barragem de Cacimba Nova, no município de Custódia (PE), afetando o abastecimento de 44 cidades paraibanas. A obra também se encontra abandonada e com rachaduras, em um cenário extremamente desolador. O movimento em Monteiro teve o intuito de denunciar, ao Brasil e ao mundo, o sucateamento que a obra e a população local vêm vivenciando.
A deputada Cida Ramos reforçou que o país enfrenta interesses obscuros que põe em risco a grande obra hídrica. “O encontro serviu como um grito de socorro e de alerta, pois entendemos que as águas que abastecem a região correm um sério risco de serem um ativo financeiro, afetando diretamente a população já tão massacrada pela seca e pelas oligarquias brasileiras que sempre sucumbiram sonhos e possibilidades. O canal da transposição em Monteiro representa, sobretudo, resistência e luta de um povo que quer água e o direito de viver. O Nordeste precisa se unir para evitar retrocessos”, destacou.
A parlamentar ainda mencionou que há em curso uma verdadeira perseguição aos nordestinos. “Durante muito tempo houve no Nordeste uma verdadeira promoção da ‘indústria da seca’. A manutenção do descaso com o Nordeste foi mantida em prol de privilégios pelos grupos políticos dominantes, que se valeram da propaganda da fome e da seca para obterem benefícios particulares. A Transposição das águas do São Francisco representa a luta do nosso povo trabalhador, pois nós entendemos que precisamos criar relações mais humanas, justas e igualitárias. A nossa resistência não será interrompida”, salientou Cida.
O presidente da Fundação João Mangabeira, Ricardo Coutinho (PSB), afirmou que a Transposição é uma obra inegociável. “Nós não aceitaremos vivenciar o nosso povo carregar balde de água na cabeça, quando o acesso à água potável e de qualidade é um direito garantido por lei. Nós precisamos colocar os rumos do nosso futuro de volta à civilidade, e só conseguiremos isso através da luta e da organização popular. Não podemos esperar absolutamente nada daqueles que hoje fazem esse governo federal, e é em nome da luta e do compromisso social que estamos aqui em Monteiro, em mais um grande ato, abraçando o povo paraibano e nordestino”, pontuou.
Durante sua fala, Ricardo foi incumbido de ler uma carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em defesa da transposição do Rio São Francisco. No texto, Lula lembra a alegria do povo da região mergulhando, dançando e bebendo a água do Rio São Francisco no dia da inauguração das obras em Monteiro, na Paraíba.
“Poucas coisas na vida me fizeram tão feliz quanto tirar do papel um sonho de muitas gerações, e tornar realidade a transposição do São Francisco. Uma das melhores lembranças que tenho é a da inauguração popular que fizemos em 2017, aí em Monteiro, com a presença da ex-presidenta Dilma, do ex-governador Ricardo Coutinho e de muitos de vocês que aí estão de novo, desta vez protestando e exigindo de volta aquela alegria que estão roubando de nós”, traz um trecho da carta.
O candidato à presidência da República em 2018, Fernando (PT), que percorre a região na Caravana Lula Livre, também criticou a paralisação das obras. “Se a água deixar de passar pelo canal, a obra vai se deteriorar dia após dia, trazendo grandes gastos aos cofres públicos. O Nordeste sempre puxou o crescimento da economia brasileira, e por toda a dívida histórica que o Brasil tem com essa região, precisamos respeitar e valorizar essas terras”, declarou.
A deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT), defendeu a continuidade do projeto de Transposição do Rio São Francisco. “Essa interrupção do abastecimento é uma barbárie contra a população. Há pouco mais de um ano, estivemos aqui com o ex-presidente Lula, em uma das manifestações mais bonitas e emocionantes que eu já vi na vida. O São Francisco começava a cumprir a sua missão com o povo nordestino, de levar água para quem tinha sede, de levar água para a produção de alimentos. Essa obra veio para fazer justiça e, infelizmente, corre o risco de ficar inviável. Precisamos lutar contra esse governo da destruição. ”, disse.
Também estiveram presentes no ato a vice governadora de Pernambuco e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos; os senadores Humberto Costa e Veneziano Vital; os deputados federais Gervásio Maia, Damião Feliciano, Frei Anastácio, Natália Bonavides, João Campos, Gonzaga Patriota; os deputados estaduais Estela Bezerra, Buba Germano, Jeová Campos, Chió, Anízio Maia, Francisco do PT e dezenas de prefeitos das regiões do Cariri e Seridó.
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